Vittorio, o vampiro - Anne Rice

Título: Vittorio, o vampiro

Autora: Anne Rice

Série: Novos Contos de Vampiros #2

Editora: Rocco

Páginas: 208

Ano: 2000

Sinopse: Sim, sou um vampiro, como já disse, sou uma coisa objeta que se alimenta da vida mortal. Existo com tranquilidade, relativamente contente, na minha terra natal, nas sombras escuras do meu castelo. E Ursula está a meu lado, como sempre, e quinhentos anos não chega a ser tanto tempo para um amor tão forte quanto o nosso. Somos demônios, somos danados. Mas não vimos e compreendemos tantas coisas,não escrevi coisas aqui que têm valor para você? Não relatei um conflito tão marcado pelo tormento que alguma coisa paira aqui cheia de brilho e cor, não muito diferente da obra de Filippo? Não bordei, teci e dourei, acaso não sangrei? Olhe bem minha história e diga-me que ela não lhe oferece nada.

Avaliação: 4/5 estrelas

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Não é mistério nenhum que o sobrenatural está em alta. Principalmente após o lançamento de Crepúsculo, alguns anos atrás, as livrarias foram tomadas por literaturas do gênero. No entanto, não é de hoje que os vampiros fazem parte do mundo literário. Muito antes de Stephenie Meyer escrever a história de Edward e Bella, outra autora já estava na livraria há um bom tempo: Anne Rice. Confesso que sempre tive vontade de ler um livro da autora, principalmente após a leitura de Crepúsculo. Só que a oportunidade demorou a surgir, somente ocorrendo nessas férias. O escolhido para entrar no mundo da autora foi Vittorio.

 

Vittorio era um homem rico, filho de um senhor feudal bem conhecido na região. Carismático, feliz e bem instruído, Vittorio tinha verdadeira paixão pelas pinturas dos grandes mestres da escola florentina, e sua formação era de suma importância para seu pai. No entanto, certa noite sua vida muda, quando seu pai se recusa a entregar crianças de suas terras a um grupo de vampiros. Consequentemente, os vampiros se vingam dizimando todos que ali viviam, deixando apenas Vittorio vivo. Sem saída, ele vai em busca de socorro e descobre que a cidade inteira está sob o domínio dos vampiros da Corte do Graal de Rubi e acaba se tornando um cativo. Com a ajuda dos anjos, consegue combater os demônios, mas não consegue resistir a paixão de Ursula, a vampira que o encanta de maneira obsessiva e sobrenatural.

Comecei a leitura de Vittorio empolgado e curioso. O livro é escrito sob a forma de memórias, e conhecemos Vittorio a partir do presente dele, para depois voltarmos ao passado e entender como tudo aconteceu.  Anne Rice leva o leitor direto para a Idade Média, em um período onde o poder era fragmentado em diversos feudos, composto pelos camponeses que ali viviam, sob o comando do senhor.

 

A narrativa de Anne Rice não é das mais fluidas. Confesso que pelejei no inicio do livro, principalmente pela forma que ela escolheu contar a história. Apesar de ser narrado em primeira pessoa, os primeiros capítulos servem para ambientar e contextualizar a história, logo, não há tanto diálogo. Apesar disso, a ambientação histórica de Vittorio foi bastante pertinente e me deixou, de certa maneira bem satisfeito e impressionado (lembrei de algumas aulas da faculdade). Anne Rice conseguiu inserir valores do período, e conseguiu construir um homem medieval, em seus próprios valores e contexto.

Após isso, a história foi em frente. A premissa parece ser bem conhecida, só que a maneira que Anne abordou e desenvolveu foi extremamente diferente e original. Não é aquele livro que você lerá rapidamente: você tem que se concentrar e ler cada parágrafo atentamente. A maneira que Anne desenvolve a trama, sob a ótica de Vittorio me causou estranhamento e ao mesmo tempo surpresa. Estranhamento por não estar acostumado e surpresa pela própria construção do personagem, e o relacionamento com os personagens secundários.

Diferentemente de outros livros do gênero, Anne Rice escreve uma história abordando por um outro viés, abordando a mentalidade da época, totalmente influência pela religião e pelo sagrado. Na história de Vittorio, isso se dá principalmente pela presença dos anjos e sua participação nos acontecimentos, mas também por valores como perdão e misericórdia. Ademais, ela procura abordar os sentimentos e o interior dos personagens de maneira tão profunda. Não consegui me envolver totalmente com a história, mas pretendo ler outros livros da autora. Seus elementos são pertinentes e diferentes daquilo que estamos acostumados.